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Técnicas Administrativas
As cidades medievais eram os centros de produção e comercialização de todos os produtos da época, desde linho para roupas até os vitrais para igrejas.A administração dos negócios ficava a cargo das corporações de ofício (guildas),formadas por grupos de artesãos, classificados em mestres e aprendizes. Cada mestre tinha um número variável de aprendizes, e o número de mestres guardava certa proporção com as necessidades da comunidade, o que implicava, necessariamente, administrar recursos humanos e também materiais. As guildas defendiam os interesses profissionais de seus membros, criavam regulamentos, controlavam
os preços, a compra, a venda e a qualidade dos produtos, bem como os horários de trabalho.

Com a descoberta das rotas marítimas e a conseqüente expansão econômica da Espanha e de Portugal no século XVI, o modelo de produção medieval começou a se esgotar. O forte comércio entre Oriente e Ocidente fez surgir uma nova realidade, composta de mercadores, comerciantes, banqueiros, intermediários. As encomendas aumentavam e os valores dos negócios se avolumavam, exigindo a presença de pessoas especializadas para, por exemplo, controlar o fluxo da movimentação financeira. Para responder a essas novas demandas, as empresas familiares precisavam contratar profissionais estranhos à família, A ampliação do universo comercial criou novas oportunidades e também grandes somas de dinheiro para financiar as transações. As quantias necessárias eram superiores às que as pessoas isoladamente poderiam fornecer aos comerciantes e navegadores. Assim surgiram as sociedades anônimas, nas quais o capital é dividido em ações adquiridas por determinado número de sócios (acionistas). As primeiras sociedades desse tipo foram formadas para financiar guerras e também as grandes viagens marítimas. Isso incluía a compra de navios, equipamentos, manutenção, víveres etc.

Na época em que foram criadas, as sociedades anônimas reuniam gente que dispunha de dinheiro suficiente para participar do comércio, ainda que quase nada soubesse sobre a própria empresa. Os acionistas contratavam então administradores eficientes que, em geral, não eram donos das empresas que administravam. Esse foi um grande marco na administração na área da iniciativa privada. A necessidade de muito capital provocou nas empresas a separação entre administração e propriedade.

A palavra administração passou a ser usada para designar um ramo da empresa destacado dos acionistas e da mão-de-obra. Entretanto, a grande virada ainda estava por vir e, como sempre, foi impulsionada pela tecnologia, mais precisamente pela invenção da máquina a vapor e dos teares mecânicos, capazes de multiplicar a produção em uma escala nunca antes imaginada. Essa grande mudança é chamada de Era Industrial e aconteceu inicialmente na Inglaterra, no século XVIII.


A revolução Industrial teve inicio na Inglaterra, com a invenção da maquina a vapor por James Watt, em 1776. A aplicação da maquina a vapor no processo de produção provocou um enorme surto de industrialização, que se estendeu rapidamente a toda Europa e Estados Unidos.
A revolução Industrial desenvolveu-se em duas fases distintas:
A primeira fase de 1780 a 1860. É a revolução do carvão, como principal fonte de energia, e do ferro, como principal matéria-prima.
A segunda fase de 1860 a 1914. É a revolução da eletricidade e derivados de petróleo, como as novas fontes de energia, e do aço, como a nova matéria prima.

Para a Teoria Geral de Administração (TGA), a principal conseqüência disto tudo é que a organização e a empresa modernas nasceram com a Revolução Industrial, graças a uma multidão de fatores, dentre os quais podemos destacar principalmente:
a) a ruptura das estruturas corporativas da Idade Média;
b) o avanço tecnológico, graças às aplicações dos progressos científicos à produção, com a descoberta de novas formas de energia e a possibilidade de uma enorme ampliação de mercados;
c) a substituição do tipo artesanal por um tipo industrial de produção.

A necessidade de organizar os estabelecimentos nascidos com a revolução industrial levou os profissionais de outras áreas mais antigas e maduras a buscar soluções específicas para problemas que não existiam antes. Assim a pesquisa de métodos especiais para administrar estes empreendimentos deu origem aos rudimentos da ciência da administração.
Não se deve confundir a gerência de uma casa ou de nossa vida pessoal que tem sua arte própria, porém empírica com a gerência de uma instituição, considere aqui este termo como genérico para empreendimento, empresa.

A Teoria Geral da Administração começou com o que chamaremos “ênfase nas tarefas” (atividades executadas pelos operários em uma fábrica), com a Administração Científica de Taylor. A seguir, a preocupação básica passou para a “ênfase na estrutura”, com a Teoria Clássica de Fayol e com a Teoria da Burocracia de Weber, seguindo-se mais tarde a Teoria Estruturalista da Administração. A reação humanística surgiu com a “ênfase nas pessoas”, através da Teoria das Relações Humanas, mais tarde desenvolvida pela Teoria Comportamental e pela Teoria do Desenvolvimento Organizacional. A “ênfase no ambiente” surgiu com a Teoria dos Sistemas, sendo completada pela Teoria da Contingência. Esta, posteriormente, desenvolveu a “ênfase na tecnologia”. Cada uma dessas cinco variáveis — tarefas, estrutura, pessoas, ambiente e tecnologia — provocou a seu tempo uma diferente teoria administrativa, marcando um gradativo passo no desenvolvimento da TGA.

As Principais Teorias que Influenciam o Pensamento Administrativo
Anos:

1911 – Princípios da Administração Científica com os estudos de Frederick W. Taylor nos EEUU sobre o sistema técnico com ênfase na especialização da tarefa e controle da produção.
1916 – Gerência Administrativa do livro - Administração Industrial e Geral de Henry Fayol na França, com abordagem na departamentalização, competências administrativas e desempenho organizacional, sendo considerado o Pai da Administração Clássica que defendia que a administração deveria ser uma disciplina a ser estudada fora das escolas de engenharia.
1927 – Relações Humanas a partir dos trabalhos de R.F.Hoxié (USA, 1916), Robert Owen (Escócia, 1825) e Elton de Mayo (USA, 1924 - experiência de Hawthorne – WE Co.) onde o funcionário passa a ser visto como recurso humano e não como uma peça do sistema técnico.
1940 – Escola burocrática de Max Weber com ênfase na organização formal e burocracia racional.
1943 - Teoria da motivação e escalas de necessidades de Abrham Meslow É considerado o pai da Psicologia Transpessoal.
1945 – Behavorismo (comportamento) de Herbert Simon, Teoria da decisão que concebe a organização como um sistema de decisões.
1954 – Teoria Geral de Sistemas de Ludwig Von Bertalanfy na Áustria, abordagem sistêmica - organização como sistema aberto, visão holística.
Peter Drucker com sua obra “The Pratice of Manegement” inicia uma nova era no pensamento administrativo e gerencial que considera a administração como disciplina dada sua importância no estudo da organização. Foi considerado o Pai da administração moderna.
1960 – Teorias X e Y de Douglas McGregor, “The Human Side of Enterprise”, USA
1981 – Teoria Z de William Ouchi, USA, estabelece o conceito de administração participativa.

Cada teoria administrativa procurou privilegiar ou enfatizar uma dessas cinco variáveis, omitindo ou relegando a um plano secundário todas as demais.

* Revolução Industrial - Depoimentos de Época

A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.
Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias), a era agrícola foi superada, a máquina foi suplantando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos.

Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores, como o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente.
Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era artesanal e manual (daí o termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas máquinas simples. Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar e dividir algumas etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava de todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima até à comercialização do produto final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos próprios artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas) etapas do processo produtivo.

Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão (na qualidade de empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima, do produto final e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais passaram a receber todos os lucros. O trabalho realizado com as máquinas ficou conhecido por maquinofatura.

As condições de trabalho na Revolução Industrial    
Depoimentos de época

(1) Os primeiros dias de setembro foram muito quentes. Os jornais noticiavam que homens e cavalos caiam mortos nos campos de produção agrícola. Ainda assim a temperatura nunca passava de 29°C durante a parte mais quente do dia. Qual era então a situação das pobre crianças que estavam condenadas a trabalhar quatorze horas por dia, em uma temperatura média de 28°C? Pode algum homem, com um coração em seu peito, e uma língua em sua boca, não se habilitar a amaldiçoar um sistema que produz tamanha escravidão e crueldade?
(William Cobbett fez um artigo sobre uma visita a uma fábrica de tecidos feita em setembro de 1824)

2) Pergunta: Os acidentes acontecem mais no período final do dia?
Resposta: Eu tenho conhecimento de mais acidentes no início do dia do que no final. Eu fui, inclusive, testemunha de um deles. Uma criança estava trabalhando a lã, isso é, preparando a lã para a maquina; Mas a alça o prendeu, como ele foi pego de surpresa, acabou sendo levado para dentro do mecanismo; e nós encontramos de seus membros em um lugar, outro acolá, e ele foi cortado em pedaços; todo o seu corpo foi mandado para dentro e foi totalmente mutilado.
(John Allett começou a trabalhar numa fábrica de tecidos quando tinha apenas quatorze anos. Foi convocado a dar um depoimento ao parlamento britânico sobre as condições de trabalho nas fábricas aos 53 anos)

(3) Eu tive freqüentes oportunidades de ver pessoas saindo das fábricas e ocasionalmente as atendi como pacientes. No último verão eu visitei três fábricas de algodão com o Dr. Clough, da cidade de Preston, e com o sr. Barker, de Manchester e nós não pudemos ficar mais do que dez minutos na fábrica sem arfar (ficar sem ar) para respirar. Como é possível para aquelas pessoas que ficam lá por doze ou quinze horas agüentar essa situação? Se levarmos em conta a alta temperatura e também a contaminação do ar; é alguma coisa que me surpreende: como os trabalhadores agüentam o confinamento por tanto tempo.
(O Dr. Ward, de Manchester, foi entrevistado a respeito da saúde dos trabalhadores do setor têxtil em março de 1919)

(4) Aproximadamente uma semana depois de me tornar um trabalhador no moinho, fui acometido por uma forte e pesada doença da qual poucos escapavam ao se tornarem trabalhadores nas fábricas. A causa dessa doença, que é conhecida pelo nome de “febre dos moinhos”, é a atmosfera contaminada produzida pela respiração de tantas pessoas num pequeno e reduzido espaço; também pela temperatura alta e os gases exalados pela graxa e óleo necessários para iluminar o ambiente.
(Esse depoimento faz parte do livro “Capítulos da vida de um garoto nas fábricas de Dundee”, de Frank Forrest)

(5) Nosso período regular de trabalho ia das cinco da manhã até as nove ou dez da noite. No sábado, até as onze, às vezes meia-noite, e então éramos mandados para a limpeza das máquinas no domingo. Não havia tempo disponível para o café da manhã e não se podia sentar para o jantar ou qualquer tempo disponível para o chá da tarde. Nós íamos para o moinho às cinco da manhã e trabalhávamos até as oito ou nove horas quando vinha o nosso café, que consistia de flocos de aveia com água, acompanhado de cebolas e bolo de aveia tudo amontoado em duas vasilhas. Acompanhando o bolo de aveia vinha o leite. Bebíamos e comíamos com as mãos e depois voltávamos para o trabalho sem que pudéssemos nem ao menos nos sentar para a refeição.
(O jornal Ashton Chronicle entrevistou John Birley em maio de 1849)

Fontes:
Práticas Administrativas em Escritório - Senac
http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/Textiles.htm.





A Evolução do Conceito

Na Idade Média, período que vai do fim do Império Romano até fins do século XV,tudo era feito artesanal mente e quem possuía as ferramentas e dominava a técnica de produção era o dono do negócio.Geralmente as oficinas localizavam-se nas próprias casas e o ofício era ensinado de pai para filho,Cada pessoa realizava todas as etapas do trabalho, desde a preparação da matéria-prima até o acabamento final.Não havia divisão de tarefas nem especialização.