Relações Humanas
Essas relações sociais ocorrem, inicialmente, no grupo familiar, um estágio de preparação para participar, mais adiante, das relações sociais mais amplas. A preparação do indivíduo significa, ao longo de sua existência, que ele irá internalizar, apropriar-se da realidade objetiva, e esta será fundamental na sua formação psíquica, um processo em permanente construção. Ao nascer, o homem entra num cenário construído sem a sua participação. É o mundo social, a realidade objetiva, formada por um modo de organização política, econômica e jurídica da sociedade, de uma cultura produto da construção humana.

O estudo dos processos grupais (dinâmica psicossocial) atingiu um estado de desenvolvimento que atualmente já é considerado, por alguns estudiosos, como uma área autônoma da psicologia social.

O grupo social

Supõe um conjunto de pessoas num processo de relação mútua e organizado com o propósito de atingir um objetivo imediato ou mais a longo prazo. O imediato pode ser, por exemplo, fazer um trabalho escolar e, mais a longo prazo, editar um jornal impresso para a turma.
A realização do objetivo impõe tarefas, regras que regulem as relações entre as pessoas (normas), num processo de comunicação entre todos os participantes e o próprio desenvolvimento do grupo em direção ao seu objetivo.

O processo grupal
Implica uma rede de relações que pode caracterizar-se por relações equilibradas de poder entre os participantes ou pela presença de um líder ou subgrupo que detêm o poder e determina as obrigações e normas que regulam a vida grupal. As relações de poder no grupo determinam ou influenciam o grau de participação dos integrantes no processo de comunicação interno; no sistema de normas, nas suas aplicações, punições e decisões.

Todo grupo tem uma história e, através dela, podemos verificar as mudanças. As normas podem alterar-se no sentido de criação de novas ou revisão das antigas. O sistema de punição aos infratores pode tornar-se mais ou menos rígido, dependendo do grau de controle que o grupo quer manter sobre o comportamento de seus membros. O sentimento de solidariedade pode estabelecer-se como um importante fator de manutenção do grupo, e podem surgir conflitos com relação a valores (cumprir ou não a tarefa), a normas (quem não cumpre uma tarefa deve ser punido) e a outros aspectos da vida grupal. Esses conflitos originam-se do confronto permanente entre a diversidade de ponto de vista presentes no grupo. .O conflito não leva, necessariamente, à dissolução do grupo e pode caracterizar-se como um estágio de seu crescimento.

O processo de desenvolvimento do grupo proporciona a seus integrantes condições de evoluçãoo e crescimento pessoal. Participar de um grupo significa partilhar representações, crenças, informações, pontos de vista, emoções, aprender a desempenhar papéis de filho, estudante, profissional...

Alguns processos grupais

1. Coesão
Pode ser definida como a quantidade de pressão exercida sobre os integrantes de um grupo a fim de que continuem nele. É a resultante das forças que agem sobre um membro para que ele permaneça no grupo.
Inúmeras são as raízes que podem levar uma pessoa a fazer parte de um grupo. Uma delas pode ser a atração pelo grupo ou por seus integrantes.
Outra seria a forma de obter algum interesse através da filiação ao grupo.

Quanto maior a coesão do grupo:
a) maior a satisfação experimentada por seus membros;
b) maior a quantidade de influência exercida pelo grupo em seus membros;
c) maior a quantidade de comunicação entre os membros;
d) maior a produtividade do grupo.
A coesão grupal não gera apenas vantagens, pois os grupos altamente coesos estão sujeitos ao pensamento grupal, o que pode fazer com que o grupo tome decisões desastradas. A união entre os participantes é tamanha que eles se tornam pouco críticos, podendo apresentar distorções da realidade social.

2. Cooperação
Associação de pessoas trabalhando juntas em prol de um ou mais objetivos. É a ação conjunta de dois ou mais indivíduos a fim de influir nos resultados de uma ou mais pessoas. Membros de um grupo formam coalizões quando isto lhes parece oportuno, quando os resultados podem ser mais compensadores. Esta estratégia permite que diferenças iniciais de poder entre os membros de um grupo venham a ser anuladas.

3. Formação de normas
De um modo geral podemos conceituar normas sociais como sendo padrões ou expectativas de comportamento partilhados pelos integrantes de um grupo, que utilizam estes padrões para julgar a propriedade ou adequação de suas análises, sentimentos e comportamentos. Todo grupo, não importa o tamanho, necessita estabelecer normas para poder funcionar adequadamente. Por exemplo, um casal estabelece normas a serem cumpridas por ambos, no propósito de evitar atritos e gerar uma convivência mais harmoniosa.

As normas sociais facilitam a vida dos membros de um grupo. Elas não são necessariamente explícitas, mas partilhadas, conhecidas e seguidas pelos integrantes do grupo. Geralmente, quem não aceita as normas é isolado pelos demais participantes do grupo. O convívio em sociedade necessita da existência de normas sociais.

4. Liderança
Durante décadas acreditou-se na figura do líder nato, que apresentava as seguintes características: inteligência, criatividade, persistência, autoconfiança e sociabilidade. É certo que muitas destas características ajudam o indivíduo a desenvolver o potencial de liderança, mas não se pode afirmar que um indivíduo será líder por apresentar estas credenciais. É fundamental que estes e outros aspectos sejam harmonizados com os objetivos perseguidos pelo grupo.

Kurt Lewin identificou três tipos de liderança:
a) autocrtica - onde ocorre a total centralização do poder, exercido através da coersão;
b) democrática - as decisões são tomadas por maioria, o líder é apenas um representante da vontade de seus liderados;
c) permissiva - onde é permitido a cada integrante do grupo agir como deseja, não há efetivamente uma ação de liderança.

Estudos realizados por diversos psicólogos, levando em conta estes três tipos de classificação, demonstraram que a liderança democrática torna os integrantes do grupo menos dependentes do líder. Já a classificação autocrítica gera maior produtividade, elevando o grau de dependência dos integrantes do grupo em relação ao líder, chegando ao ponto de não saberem produzir sem a sua presença. A liderança permissiva (laissez-faire) gerou os piores resultados.

Hoje sabemos que a liderança é um processo interacional, com características próprias, sendo impossível estabelecer, a princípio, com certeza absoluta, qual a pessoa mais preparada para comandar determinado grupo. O líder deverá surgir durante o processo de interação dos participantes.

5. Status
É o prestígio desfrutado por um membro do grupo. Pode ser como o indivíduo o percebe, status subjetivo; ou pode ser o resultado do consenso do grupo sobre este indivíduo, o chamado status social. O primeiro pode ou não corresponder ao segundo. Caso, em comparação aos resultados obtidos pelos demais participantes do grupo, um dos membros se considera recebedor de resultados mais gratificantes, isto produzirá nele a sensação de status subjetivo elevado,  pois se destaca dos demais no que diz respeito às gratificações recebidas em seu grupo. Se os demais participantes consideram essa pessoa como necessária ao grupo, capaz de gerar benefícios que agradem a maioria, ela terá status social elevado neste grupo.

6. Papel social
Em quase todos os grupos sociais é possível se estabelecer o status de cada integrante bem como o papel que lhe cabe desempenhar. Papel seria a totalidade de modos de conduta que um indivíduo aguarda numa determinada posção no interior de um grupo. O papel social é um modelo de comportamento definido pelo grupo. Nenhum grupo social pode ter bom funcionamento sem estabelecer papéis para seus integrantes. É certo que  a diversidade de papéis a serem desempenhados pelos participantes de um grupo frequentemente causam tensão e conflitos entre seus membros. Tal situação pode ocasionar o abandono ou a expulsão do integrante do grupo.
http://www.facha.edu.br/publicacoes/comum/comum19/pdf/marcosalexandre.pdf

O ser humano é simultaneamente um ser sociável e um ser socializado, sendo assim, entendemos com isso que ele é, ao mesmo tempo, um sujeito que aspira se comunicar com os seus pares e, também, membro de uma sociedade que o forma e o controla, quer ele queira ou não.

A história de vida do indivíduo é a história de pertencer a inúmeros grupos sociais. É através dos grupos que as  características sociais mais amplas agem sobre o ser humano. É no grupo familiar que ele aprenderá a língua de sua nação. A partir daí, este aprendizado possibilitará seu ingresso em outros grupos sociais e sua participação nas determinações que agem sobre ele.
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