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CELSO FREDERICO LAGO
Informática e Administração
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
A IA AO LONGO DOS
TEMPOS
Foi com a definição
de Alan Turing que
se começou a falar
de Inteligência
Artificial. Pelo meio
criaram-se robôs
para a indústria
automóvel e até para
servirem de cães de
companhia. Agora
anda nos nossos
bolsos.
FONTE: DIGITAL INTELLIGENCE TODAY
1950
O teste de Turing
O cientista Alan Turing
propôs um teste para
aferir a inteligência das
máquinas. Se a máquina
conseguisse levar o
humano a acreditar
que ela é inteligente,
ficava provada a sua
inteligência.
1955
Nasce o termo IA
É cunhada a expressão
Inteligência Artificial,
pelo cientista John
McCarthy, para
descrever a “ciência
e engenharia de
desenvolvimento de
máquinas inteligentes”
1961
Unimate
O primeiro robô da
Unimate entra em
funções numa fábrica
da General Motors,
substituindo humanos
na linha de montagem
1964
Eliza
Joseph Weizenbaum,
do MIT, desenvolve
o primeiro programa
informática que permitia
gerar uma conversação
com humanos
1966
Shakey
A Universidade de
Stanford, EUA, cria
a primeira “pessoa
eletrónica”, a Shakey.
Trata-se de um robô
móvel que poderia
efetuar várias tarefas

O inverno da IA
Os desenvolvimentos
anteriores fizeram
prever que a
Inteligência Artificial
iria entrar numa nova
era. Foi o contrário.
O entusiasmo arrefeceu
1997
Deep Blue
O famoso computador
criado pela IBM
consegue derrotar o
campeão do mundo de
Xadrez, Gary Kasparov
1998
KISmet
A investigadora do
MIT, Cynthia Breazel,
apresenta ao mundo
o KISmet, o primeiro
robô capaz de detetar
e reagir às emoções
humanas
1999
AIBO
A Sony lança para o
grande consumo o
primeiro cão robô, o
AIBO, um animal de
estimação capaz de
desenvolver a sua
personalidade
2002
Roomba
É o primeiro robô
autónomo concebido
para ser vendido em
larga escala. Aprende
rotas, evita obstáculos,
enquanto limpa a casa
2011
Siri
A Apple integra no
iPhone 4S um assistente
virtual dotado de
Inteligência Artificial
com um interface de
voz, a Siri
2011
Watson
O computador Watson
ganha o prémio de um
milhão de dólares ao
conseguir responder a
todas as perguntas do
concurso de televisão
Jeopardy
2014
Eugene
Um computador
com software de
conversação, o
Eugene Goostman,
passa o teste de
Turing, porque um
terço das pessoas
que com ele falou
julgou que era um
humano
2014
Alexa
A Amazon lança um
assistente pessoal
com interface de
voz, a Alexa, que
ajuda as pessoas a
tomarem decisões
sobre as compras
que fazem
2016
Tay
A Microsoft desenvolve
um programa de
conversação que
se torna odiado nas
redes sociais por fazer
comentários racistas e
ofensivos
2017
AlphaGo
O computador inteligente
da Google, o AlphaGo, bate
o campeão mundial de Go,
ou Weiqi, um complexo jogo
de tabuleiro chinês que tem
2 elevado a 170 posições
possíveis
Artigo sobre INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL publicado na revista portuguesa VISÂO em 16 de novembro de 2017.
A Inteligência Artificial (IA) é, para muitos de nós, uma coisa do futuro, algo que apenas irá estar presente na vida dos nossos filhos ou dos nossos netos. Mas, sem pensarmos nisso, já escrevemos SMS com escrita inteligente, que não só corrige como sugere as palavras seguintes, ou no email, com filtros de spam, ou mesmo em outras línguas, usando o Google Translator. A IA é hoje uma realidade presente nas nossas vidas em quase tudo o que fazemos num telemóvel, num computador ou mesmo em alguns eletrodomésticos já disponíveis no mercado.
"As pessoas usam a IA das mais variadas formas no seu dia a dia. E se falarmos da sua utilização de um ponto de vista técnico, as grandes empresas também já o fazem. Não porque seja moda, mas porque é uma nova e fundamental técnica que permite melhorar os produtos ou fabricar aqueles que, sem esta ferramenta, eram quase impossíveis de realizar. Temos de olhar para a Inteligência Artificial como uma tecnologia que é usada no apoio à produção, tal como a eletricidade ou o email", diz Greg Corrado, cientista sênior da Google, especializado em neurociência e Inteligência Artificial, num encontro realizado por videoconferência em Zurique, na sede da Google Europa, com um grupo restrito de jornalistas, sendo a VISÃO o único órgão de comunicação português presente no evento.

O mundo da finança é aquele que, atualmente, mais tem enveredado esforços para integrar IA nos seus sistemas. Desde a prevenção de fraude (onde existe uma empresa portuguesa especialista, a Feedzai) à avaliação de risco. Mais tarde, a ideia é pôr a máquina a interagir com o cliente. Ficção? Não. Bem pelo contrário. É no Brasil que os bancos estão mais entusiasmados com esta ideia. O Bradesco, a maior instituição financeira daquele país, já adotou o Watson, da IBM, um sistema computadorizado cognitivo, usado para o mundo dos negócios, que permite a interação entre pessoas e computadores. No início deste ano, a administração do banco anunciou que planeia usar o Watson para interagir diretamente com os seus clientes em tarefas como transferências, pagamentos, consultas. Medida que poderá acabar com muitos empregos de balcão e de call center.

Grandes consultoras mundiais, como a EY, a PWC ou a Deloitte, estão a usar a IA para substituir processos que, até há pouco tempo, eram realizados apenas pelos humanos, como serviços de consultoria estratégica, aconselhamento fiscal ou auditoria. E a capacidade de digerir informação é muito superior à dos humanos. Significa isto que a Inteligência Artificial veio para nos ajudar ou para nos tirar os empregos?

"Essa é a questão que mais me preocupa. Sobretudo os empregado relacionados com as atividades cognitivas que atualmente são feitas pelas pessoas. Assim que conseguirmos pôr as máquinas a fazer esses trabalhos, muito emprego tornar-se-á economicamente inviável", salienta Blaise Aguera y Arcas, um dos mais prestigiados engenheiros de informática dos EUA, considerado em 2008 pelo MIT como uma das 35 pessoas com menos de 36 anos mais inovadoras do mundo.

Em conversa com a VISÃO, a partir de Silicon Valley, na Califórnia, Blaise Aguera y Arcas acrescenta que "com esta mudança podemos criar riqueza, mas essa tem de ser distribuída, caso contrário arriscamo-nos a criar desemprego maciço em muitas regiões e a concentrar riqueza em muito poucos. E já estamos a ver esses efeitos", afirmou o cientista, que já participou várias vezes nas conferências Ted Talks - uma das quais com mais de 5 milhões de visualizações e uma das favoritas de Bill Gates (atualmente lidera o programa de Inteligência Artificial da Google).

Uma preocupação que é partilhada por outros. "À medida que a Inteligência Artificial ultrapassa os humanos em cada vez mais e mais capacidades, é provável que os venha a substituir em mais e mais empregos. É verdade que outras profissões poderão aparecer, mas isso não resolverá o problema", defende Yuval Noah Harari, professor de História da Universidade de Jerusalém e autor dos best-sellers Sapiens - uma Breve História da Humanidade e Homo Deus - Uma Breve História do Futuro.

Para este historiador, a biotecnologia e o crescimento da IA poderá dividir a espécie humana numa pequena classe social dos super-humanos e uma enorme dos que não têm utilidade. E assim que as massas percam o seu poder econômico e político, os níveis de desigualdade poderão crescer de forma alarmante.

"Os humanos têm praticamente duas habilidades - física e cognitiva -, e se os computadores forem capazes de fazê-las melhor que nós, poderão também substituir-nos nos novos empregos que serão criados. E milhões de pessoas poderão ficar sem trabalho. Assistiremos ao nascimento de uma nova classe social: a classe dos que não têm qualquer utilidade", avisa Yuval Noah Harari.


Um estudo recente, da consultora McKinsey, mostra que 30% das tarefas de 60% das profissões podem ser substituídas por computadores que utilizem IA. O economista chefe do Banco de Inglaterra foi mais longe e admitiu que 80 milhões de postos de trabalho, nos EUA, e 15 milhões, no Reino Unido, poderiam ser ocupados por robôs.

Outro estudo, denominado o Futuro do Emprego, fez um relatório sobre as profissões que estão mais em risco com a massificação da IA. Os profissionais de telemarketing são os que estão mais em risco, pois 99% das tarefas que agora desempenham podem ser automatizadas. O mesmo acontece com os bancários, sobretudo os que trabalham nos empréstimos e os que estão nas caixas. Este estudo refere que 98% das suas tarefas, no caso dos primeiros, e 97%, no caso dos segundos, poderão ser executadas por IA. Em risco estão ainda os que se dedicam ao aconselhamento legal, os taxistas e os cozinheiros de fast food.


CONTINUA